A decisão da Anatel de suspender a certificação de produtos exclusivamente 2G e 3G a partir de 6 de abril de 2025, juntamente com o anúncio de que a reguladora prevê o fim dos sinais 2G e 3G até 2028, representa uma transição significativa que terá um impacto profundo no mercado de rastreamento e proteção veicular.
O desligamento completo dessas redes sinaliza uma mudança fundamental no cenário das telecomunicações no Brasil, alinhando-se à tendência global de modernização das infraestruturas de conectividade. Essa mudança visa otimizar o uso do espectro de radiofrequências e suportar aplicações cada vez mais exigentes e conectadas.
Hoje, somente serão permitidos equipamentos compatíveis com redes LTE/4G para introdução nas redes brasileiras, o que impulsionará a adoção de tecnologias mais modernas no setor de rastreamento.
Essa transição, no entanto, trará um impacto financeiro expressivo: somente o mercado de rastreamento veicular, que ainda opera com cerca de 13,8 milhões de dispositivos baseados em 2G e 3G, deverá mobilizar R$ 3,47 bilhões para substituir esses equipamentos. Considerando todo o ecossistema de dispositivos legados no Brasil, o investimento necessário supera R$ 10,3 bilhões.
O custo médio estimado para substituição de um rastreador gira em torno de R$ 295 por dispositivo, valor que inclui a aquisição e a instalação dos novos equipamentos. Para as seguradoras e empresas de rastreamento que dependem desses dispositivos para precificação de apólices, combate a fraudes e recuperação de veículos, a migração tecnológica é, ao mesmo tempo, um desafio operacional e uma exigência estratégica.
Além da adequação tecnológica, também há preocupação ambiental. A substituição de mais de 22 milhões de dispositivos no país exigirá uma gestão eficiente de resíduos eletrônicos. A Links Field, por exemplo, já adota práticas de compensação ambiental, como a reciclagem de SIM Cards, e está ampliando seus programas de logística reversa em parceria com empresas especializadas.
Apesar dos custos e da complexidade do processo, a migração para o 4G representa uma oportunidade estratégica para o setor. Dispositivos mais modernos oferecem maior confiabilidade, novas funcionalidades e suporte a serviços inovadores. Empresas que se anteciparem à transição terão vantagens competitivas claras num mercado que caminha para um ecossistema cada vez mais digital e integrado.
O desligamento das redes 2G e 3G, portanto, não é apenas um marco regulatório, mas um divisor de águas. Aqueles que abraçarem as novas tecnologias LTE/4G estarão mais bem posicionados para prosperar em um ambiente altamente conectado, sustentável e inovador.
*Marcos Betiolo é o CTO da Links Field, MVNO brasileira do grupo global Links Field Networks, especializada em conectividade M2M e IoT, que oferece soluções customizadas para diversos setores com tecnologias inovadoras como SoftSIM e eSIM, combinando expertise local e presença internacional.
A Links Field é uma MVNO brasileira que faz parte do grupo Links Field Networks, especializado em soluções de conectividade M2M e IoT. Oferece serviço de gestão de dados customizados para diferentes projetos e necessidades para os mercados de: rastreamento e telemetria veicular, máquinas de pagamentos, dispositivos de monitoramento da Indústria 4.0, coleta de dados do agronegócio, sensores IoT para cidades inteligentes, dentre outros. A empresa chegou ao Brasil em 2019 com o propósito de entregar diferenciais técnicos e operacionais ao mercado, oferecendo redução de custo e otimização das tecnologias necessárias para o bom funcionamento dos dispositivos.
Fundado em Hong Kong, no ano de 2017, o grupo expandiu sua operação por todo mundo em seus três primeiros anos de existência e, por meio de 12 escritórios internacionais, atende clientes globais com equipes locais especializadas em cada região. Hoje, é líder global em soluções e serviços de conectividade IoT, sendo desenvolvedor da inovadora tecnologia SoftSIM, além de ter certificação GSMA da plataforma eSIM SM-DP+ com infraestrutura própria, atendendo as demandas mais recentes do mercado de telecomunicações.