- De auxílio na burocracia à suporte emocional, o aplicativo da startup atua como um companheiro digital para famílias, concentrando tudo o que é necessário saber e fazer em todo o processo que envolve a perda de um ente querido. A startup quer ser um complemento para a indústria de seguros a partir das soluções relacionadas a este mercado
- A companhia quer redesenhar a experiência relacionada ao luto no Brasil para além das famílias, envolvendo empregadores, seguradoras e até o próprio governo
Junho de 2024 – A startup Amparo, que vai ajudar famílias em luto nos desafios operacionais, financeiros e emocionais relacionados à perda um ente querido, acaba de ser lançada oficialmente, revelando as primeiras funcionalidades da sua plataforma. A companhia é a primeira do país a utilizar tecnologia para oferecer uma solução completa focada em todo o processo que envolve uma perda, e quer redesenhar a experiência relacionada ao luto para além das famílias, envolvendo empregadores, equipes de saúde e até o próprio governo. A startup quer ser também um complemento para a indústria de seguros a partir das soluções relacionadas a este mercado.
A plataforma é acessada através de um aplicativo, que concentra tudo o que uma família precisa saber e fazer em todo o processo que envolve a perda de um ente querido. A startup entende que este é o processo mais doloroso, complexo e caro na vida de uma família e a enorme maioria das pessoas não conta com nenhum planejamento prévio.
“É comum não saber o que fazer, quem contratar, o custo de cada etapa ou se o ente querido deixou algo preparado. O momento é de extrema fragilidade financeira e emocional. Sem contar o aspecto burocrático: fazer um inventário, vender um imóvel da família ou repartir objetos pessoais são desafios enormes e o que já é difícil se torna ainda mais”, afirma Matheus Drummond, fundador e CEO da Amparo.
O problema é particularmente difícil no Brasil. O volume de óbitos é um dos maiores do mundo – quase 1.5 milhão de pessoas faleceram no Brasil em 2023, segundo a ARPEN. E o impacto de uma perda na renda das famílias é brutal, já que parte relevante dos domicílios (21%) são parcial ou totalmente sustentados por adultos com mais de 60 anos, de acordo com IPEA. Dados do governo também mostram que as filas para acessar os benefícios do INSS ainda demoram mais de 47 dias em média e os processos judiciais demoram mais de 4 anos (INSS e CNJ, respectivamente).
A Amparo atua como um verdadeiro parceiro digital da família em luto. Ao abrir o aplicativo pela primeira vez, um breve questionário é preenchido pelo usuário para que o sistema entenda a demanda e o cenário da família e consiga personalizar toda a experiência de uso. Em seguida, a família passa a ter acesso a um “Guia de Cuidado” com tarefas detalhadas e os tópicos de suporte ao luto que dizem respeito aos seus desafios específicos – ambos gratuitos. O App também disponibiliza ferramentas que, por exemplo, ajudam a família a monitorar prazos importantes, conhecer os direitos e verbas a que podem ter acesso, além de poder realizar a compra de passagens para o funeral com tarifas especiais de luto de até 80% de desconto.
Para famílias que desejarem uma ajuda mais específica, é possível também acionar a Equipe de Amparo – o serviço de concierge que poderá orientar em maiores detalhes o que precisa ser feito, realizar a tarefa em nome da família ou até mesmo intermediar a prestação dos serviços. Nesse caso, a Amparo conecta o usuário a algum profissional da Rede de Amparo, uma curadoria de empresas e profissionais selecionados cuidadosamente.
Criada em 2023 e com sede em São Paulo, a Amparo teve a sua tese validada logo nos primeiros meses e recebeu sua primeira rodada de investimento, no valor de R$ 5 milhões, liderada pelo fundo de venture capital Canary, acompanhado pelo QED. A startup também contou com investimento de investidores-anjo das indústrias de tecnologia, seguros, saúde e “terminalidade, morte e luto”.
“O problema que a Amparo resolve é grande, intenso e extremamente relevante para a sociedade. Estamos felizes em viabilizar o desenvolvimento de uma solução que combina tecnologia, inovação e humanismo para resolver uma parcela da dor do luto”, destaca Izabel Gallera, sócia do Canary.
Camila Vieira, Head no Brasil do QED Investors também ressalta o potencial da Amparo na resolução de dores do setor. “Acreditamos muito no potencial da Amparo de aumentar a transparência e acesso a serviços financeiros justos para empoderar famílias em luto diante das múltiplas transações e dificuldades que elas enfrentarão – e que colocarão em risco a estabilidade da família e o resultado do trabalho feito pelo ente querido ao longo de toda uma vida”, acrescenta a executiva.
Com a capitalização da companhia, foi possível investir em um time executivo de peso. Entre as lideranças estão empreendedores e operadores experientes, com passagens por Nubank, Stone e Kavak. “Para dar certo, soube desde o início que precisaríamos de duas coisas: excelência, porque o problema é muito difícil; e alma. Por isso, também fiz questão de estruturar um time de pessoas que perderam pessoas. Gente que quer entregar para a sociedade a experiência que todos nós gostaríamos de ter recebido quando perdemos nossos entes queridos”, acrescenta o fundador. O empreendedor já foi advogado do escritório de advocacia Pinheiro Neto e sempre se interessou por tecnologia e a sua aplicação a eventos importantes da vida humana, aprofundando os seus conhecimentos na área ao se tornar mestre na Universidade da Califórnia, Berkeley, com foco no uso da tecnologia para resolver problemas com um componente jurídico relevante.
“Eu sabia que na tese de end-of-life havia uma dor visceral, um mercado grande e que eu, pelo meu histórico profissional, conseguiria enxergar soluções para essa área. Além disso, ao observar a oferta de produtos e serviços relacionados ao fim da vida, vi que os dados são escassos, há poucos players qualificados, e a indústria como um todo opera sem muito escrutínio dos serviços prestados a essas famílias. Além disso, o que me deu ainda mais certeza de criar a Amparo foi quando uma pessoa na minha família, repentinamente, adoeceu e veio a falecer após uma dura estadia na UTI. Passamos por todos os processos, decisões, custos inesperados e estresse que vimos em tantas outras famílias. Ali vi que muito daquela dor seria evitável se os processos fossem mais bem estruturados e houvesse mais acolhimento por parte de todos, e, neste momento, não tive dúvidas de que a Amparo se tornaria também um propósito de vida”, conta ainda o fundador Matheus Drummond.
A Amparo já tem validado a sua proposta de valor e impactado famílias de forma relevante nos seus primeiros meses de atuação. Nesse período, a startup facilitou que famílias se reunissem em funerais através de compras de passagens aéreas com desconto emergencial, auxiliou no acesso a direitos e verbas após a família perder renda com o óbito de um de seus membros; conectou famílias à psicólogos focados em luto e ajudou que famílias em processos de regulação de sinistros e reembolso de despesas. Estima-se que, com a Amparo, as famílias economizaram em média mais de R$3.000,00 e 10 horas de trabalho nas primeiras 48 horas após óbito – tempo devolvido para que pudessem elaborar seus lutos.
“A Amparo existe para que a dor da perda não seja suprimida pela burocracia. Para que os sofrimentos operacionais e financeiros não se sobreponham ao luto. Para que, diante da morte, possamos sentir e estar em comunidade. Para que possamos, como sociedade, nos apossarmos do nosso destino sem nos perdermos uns dos outros – ou de nós mesmos. Nós funcionamos como uma extensão da família durante todo o processo”, finaliza o fundador Matheus Drummond.