O uso da bicicleta no Brasil passou de uma atividade recreativa para um verdadeiro fenômeno urbano. De acordo com a Bicycle-Guider, há mais de 1 bilhão de bikes no mundo, sendo que 40 milhões delas estão no Brasil. Inclusive, hoje é o modal preferido por 7% dos brasileiros.
Dados de 2023 da Aliança Bike indicam que mais de 3 milhões de bicicletas foram vendidas, refletindo um grande crescimento na última década. Em paralelo, o número de montadoras e fabricantes também aumentou, com mais de 150 empresas envolvidas na produção e montagem de bikes, consolidando o Brasil como um dos maiores mercados consumidores do mundo.
Com o aumento do número de ciclistas, também cresceu a preocupação com a segurança. Mais de seis mil bicicletas foram roubadas ou furtadas no Brasil em 2023, segundo a Secretaria de Segurança Pública. São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades brasileiras com maior número de ocorrências.
Diante desse cenário, o mercado de seguros de bikes emergiu como uma resposta necessária, oferecendo tranquilidade, tanto para quem usa a bicicleta para lazer quanto para quem a utiliza como meio de transporte diário.
Até o início da década de 2010, as opções eram limitadas, concentrando-se quase exclusivamente na cobertura contra roubo. No entanto, o cenário mudou nos últimos anos, impulsionado pela demanda do mercado. Esse aumento no interesse incentivou a entrada de novas empresas no setor, com diversas seguradoras, tanto brasileiras quanto internacionais, reconhecendo o potencial e oferecendo produtos específicos, ajustados às necessidades dos ciclistas.
Hoje, além da proteção contra roubo, é possível contratar seguros que cobrem danos materiais, responsabilidade civil – essencial para quem se envolve em acidentes – e até assistência em viagens. Ciclistas que participam de competições ou eventos de longa distância agora também têm acesso a produtos especializados, que oferecem proteção em diferentes situações.
O mercado continua a apresentar amplas oportunidades. Com o aumento do número de pessoas adotando o ciclismo, seja como prática de lazer, atividade esportiva ou meio de transporte, a demanda por seguros de bicicletas tende a crescer, exigindo cada vez mais soluções personalizadas e acessíveis para atender às diversas necessidades dos ciclistas.
E um dos aspectos mais interessantes da evolução do mercado de seguros de bicicletas no País é a adoção de tecnologias e práticas inovadoras para melhorar a experiência do usuário e reduzir os custos do seguro. Uma dessas inovações é o uso de dispositivos de segurança, como rastreadores GPS, que permitem monitorar em tempo real a localização da bicicleta e ajudam a reduzir o risco de roubo.
Além disso, a própria conscientização quanto à adoção de práticas mais seguras tem contribuído para uma queda nos custos dos seguros. O uso de cadeados de alta segurança, a escolha de estacionamentos apropriados e o registro da bicicleta em bancos de dados específicos são exemplos de ações que ajudam a reduzir os riscos e, consequentemente, o valor do seguro.
A bicicleta, hoje, representa muito mais do que um meio de transporte ou uma ferramenta de lazer: ela é parte de uma mudança de comportamento, que exige tanto a proteção individual do ciclista quanto a promoção de um ambiente urbano mais seguro e sustentável. Assim, o seguro de bicicleta se consolida como um elemento fundamental nessa nova realidade.
*Henrique Volpi, CEO e sócio-fundador da Kakau Seguros e da Kakau Tech, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”. Mais informações no site da Kakau Seguros e Kakau Tech