Embora os últimos anos tenham sido de boa evolução no mercado e na forma de se enxergar seguros no Brasil, existe ainda, uma mentalidade muito equivocada de que seguros “são contratados para não serem usados”, que refletem apenas gastos.
Quando entramos no mundo corporativo, principalmente tratando-se de empresas de médio e pequeno porte, não são raras aquelas que ainda não perceberam o valor estratégico de se contratar um seguro (independentemente de qual for). Alguns profissionais ainda consideram isso como um desperdício de dinheiro ou investimento malfeito.
Contudo, aos poucos, essa mentalidade também está mudando. As pessoas e as empresas brasileiras estão percebendo que aderir aos seguros é uma questão estratégica, usando-os como um importante elemento de apoio em suas atividades diárias, com reflexo direto em seus resultados.
Durante a pandemia, várias pessoas deixaram de ver o seguro de vida como algo mórbido para enxergá-lo como ele realmente é: uma proteção e segurança de que haverá apoio de forma objetiva caso um fato triste acometa a família.
E essa nova perspectiva de se encarar o seguro está se espalhando entre outras modalidades, que também estão diretamente relacionadas às vidas das pessoas. O seguro de bicicletas, para dar apenas um exemplo, não era comum há alguns anos, mas, atualmente, está ganhando cada vez mais notoriedade e importância, pois o segmento está evoluindo para atender as principais mudanças demográficas e de estilo de vida das pessoas.
No campo corporativo também estamos vendo essa mudança de pensamento. As apólices de seguro passam cada vez mais a fazer parte da estratégia das empresas, sendo usadas não só como um importante instrumento de transferência de risco, mas também, por exemplo, como ferramenta de suporte à estratégia de vendas, levantamento de recursos e garantia de projetos.
Para citar mais alguns exemplos, temos o seguro de crédito, que é uma proteção contra eventuais não pagamentos de distribuidores; o seguro de Garantia judicial que pode ser usado para aumentar o caixa da empresa; o D&O, que reflete uma segurança a mais para executivos; e o seguro para riscos cibernéticos, que com uma série de serviços agregados, ganhou ainda mais relevância, tendo em vista o elevadíssimo número de ataques hackers no mundo e, particularmente, em nosso país.
A questão é que o Brasil ainda está bem longe dos países mais maduros economicamente, onde o setor de seguros já assumiu esse papel estratégico há muitas décadas. O volume de seguros no Brasil ainda representa menos de 4% do PIB nacional, enquanto em países mais desenvolvidos este valor supera 10%.
Apesar de esforços da SUSEP e outros órgãos do setor no sentido de modernizar o mercado local, tentando garantir-lhe mais liberdade e facilidade na busca por soluções diferenciadas e inovadoras, ainda esbarramos em discussões sobre legislação e pensamentos mais retrógrados que reduzem a velocidade de nosso desenvolvimento nesta área.
A bem da verdade, a cada dia que passa, o nosso mercado amadurece e ganha relevância. Não duvido que, em pouco tempo, o Brasil mudará definitivamente seu pensamento sobre os seguros, adotando-os como um importante elemento de apoio aos negócios e às vidas das pessoas.
Eduardo Figueiredo é líder de Riscos Corporativos e Corretagem da WTW