O azeite de oliva e a sua relação com a saúde foram destacados durante a última sexta-feira, 1º de dezembro, em Encruzilhada do Sul (RS). Organizada pelo Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e prefeitura do município, a primeira Conferência Nacional da Saudabilidade do Azeite de Oliva Extravirgem reuniu produtores, gestores públicos e especialistas na área da saúde para discutir os benefícios do consumo ao ser humano.
Em sua fala inicial, o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, agradeceu ao município de Encruzilhada do Sul, que detém o maior território com o plantio de oliveiras no país, pelo espaço para o debate. Lembrou também que o Rio Grande do Sul tem vocação para a produção do azeite de oliva. “Não estamos falando de uma cultura de safra, mas é uma cultura perene. Podemos afirmar que os nossos netos e bisnetos ainda vão colher os frutos. E lembremos também dos aspectos de benefícios que o azeite de oliva extravirgem traz. Durante 500 anos pensamos que estes azeites que estavam nos mercados tinham esses benefícios para a saúde e tinham qualidade, mas eram de qualidade secundária”, afirmou, reforçando ainda a identificação da fraude de mais de 80% identificada pelo Ministério da Agricultura de azeites importados que se dizem extravirgem mas não são.
Já o prefeito de Encruzilhada do Sul, Benito Fonseca Paschoal, ressaltou a importância da olivicultura para a economia do município. “Cabe a nós gestores divulgar ainda mais a diferença do azeite importado para o azeite brasileiro extravirgem. Isto tem que ser esclarecido para a sociedade. Estamos trabalhando com os grupos dos diabéticos e hipertensos e vamos levar para as escolas essa saudabilidade e a diferença do azeite das nossas indústrias para as marcas importadas. Devemos exigir mais testes destas marcas importadas para não termos produtos de origem duvidosa”, observou.
A primeira apresentação do dia foi da equipe de saúde de Encruzilhada do Sul, que falou sobre o Plano de Ação da Secretaria da Saúde do município para inserção da saudabilidade do azeite de oliva na rede de saúde básica. A assessora especial da Secretaria da Saúde, Milene Ulinoski, explicou que este plano passará a vigorar a partir de 2024. “Encruzilhada do Sul possui um reconhecimento de maior área plantada de oliveiras no país e precisamos colocar o município no patamar que merece graças a estes produtores que escolheram nosso município para plantar”, frisou.
Douglas Bock, médico ortomolecular, especialista da saúde da família e comunidade, salientou que, especificamente em relação ao azeite de oliva, ele precisa ser prensado à frio. Disso se extrai um triglicerídeo que é formado por glicerol e três ácidos graxos. “Os ácidos graxos livres participam da questão da acidez do azeite de oliva e esta é uma das principais características. Eles trazem benefícios antioxidantes, anti-inflamatórios para o coração, para o sistema cardiovascular e para o sistema nervoso”, exemplificou. Já Cláudia Duarte, nutricionista e especialista em saúde pública, informou que a ideia é fazer com que esses grupos que frequentam as unidades de saúde possam degustar estes azeites. “Na nossa prática clínica prescrevemos alimento e o azeite de oliva já faz parte da nossa prescrição e o nosso maior desafio é contar o quanto ele é especial”, ressaltou.
Na sequência, o cardiologista Matheus Donadel, falou sobre o azeite de oliva extravirgem e saúde, cardiologia preventiva, envelhecimento saudável, e prevenção de doenças. Inicialmente tratou sobre o número de informações desencontradas sobre a saúde de alimentos em geral e questionou sobre qual o melhor tipo de alimentação, relatando que os conceitos de vida saudável variam de pessoa para pessoa. Sobre os benefícios do azeite de oliva, o especialista falou que a maior evidência é o benefício cardiovascular. “Se formos escolher uma doença para prevenir e ganhar maior longevidade são as doenças cardiovasculares como o infarto e o AVC. São as duas principais causas de morte do mundo disparadas”, explanou, acrescentando também benefícios contra o diabetes e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Na parte da tarde, a programação iniciou com um espaço dado à Secretaria Estadual da Saúde. A coordenadora regional do Núcleo de Vigilância em Saúde da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde, Solange Alves de Oliveira, apresentou as fiscalizações de alimentos na região, e um dos focos são os lagares. “Fazemos as fiscalizações junto com a Secretaria da Agricultura e do Ministério da Agricultura antes de que qualquer lagar comece a funcionar. Nós vemos a parte estrutural e as boas práticas na colheita. Nosso papel é garantir que estas produções aconteçam com qualidade e não haja fraudes. E nos alegra muito que em Encruzilhada do Sul alguns lagares tenham um alvará sanitário e outros em fase de implementação. A nossa função é de fiscalizar, mas também de orientar”, colocou.
Já Carolina Julieta, especialista na área de saúde da família, falou sobre o tema azeite de oliva na atenção básica de saúde. A profissional explicou que muito do discurso para o bem estar passa pelas mudanças também no estilo de vida, entre elas a alimentação saudável. “Nisso aparece a famosa dieta mediterrânea. Se descobriu que ela faz diferença em diversos pontos do mundo. O azeite de oliva é um alimento precioso em tantas qualidades e benefícios na nossa dieta”, salientou. A especialista também falou que é preciso levar a informação por meio de encontros em escolas, onde as crianças passam a mensagem para os mais velhos, além de empresas públicas, integração entre os profissionais de saúde para alinhamentos de discursos e a facilitação do acesso ao produto.
Ao final, foi composta uma mesa redonda com produtores de azeite de oliva do município, que contaram suas histórias e o trabalho realizado por cada um dentro de suas propriedades. Participaram Gerald Moser, da Sol das Olivas, Flávio Bock, da Biome Pampa, e Bia Pereira e Bob Vieira da Costa, do Azeite Sabiá.